quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A hora da estrela, de Clarice Lispector

Titulo: A hora da estrela
Autor: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 1977


        Durante o século XX as mulheres eram tratadas de maneira impiedosa, oprimidas, sem oportunidades de emprego e sem o status de cidadão, eram somente uma ferramenta de prazer e devia submissão extrema ao homem. Além disso, elas, se não suprissem as exigências do homem e da sociedade em si, diga-se de passagem, era vista com maus olhos e desvalorizada. Mais do que a mulher que obedecia os padrões estéticos e conseguisse cumprir seu papel como o "ser mulher" que o homem exigia e ainda exige. É exatamente isso que o último romance da grandiosa Clarice Lispector vem tratar: um desabafo sobre as formas de tratamentos que as mulheres recebiam naquela época, tamanha opressão e desrespeito, objetos que eram facilmente usados e, em seguida, descartados, quando não servissem mais. Macabéa, personagem principal do romance, foi a escolhida para representar tamanho feito de Clarice, que no decorrer da obra transpassou o quão era difícil ser mulher, principalmente se fosse nordestina e, para os padrões sociais, feia. A história se passa no Rio de Janeiro e, inicialmente, Macabéa apresenta-se como uma pessoa vazia, ignorante de tudo e submissa, como todas as mulheres daquela época. O diferencial da protagonista, para as demais personagens é o quesito estético, visto que ela era considerada feia. Era alguém que não possuía expectativas para nada, não viva, apenas sobrevivia e como era difícil sobreviver. Trabalhava por um salário medíocre e era tratada com um desrespeito descomunal pelos patrões que a humilhavam sem medir esforços. Também desvalorizada em seus relacionamentos. Ela só desejava uma coisa: ser estrela e brilhar muito, para que todos pudessem vislumbrar toda beleza que ela guardava dentro de si. Além de todos os conflitos já citados ela sofre muitos outros e acaba, depois de tanto sofrer, se tornando a estrela que desejava ser, talvez a mais brilhosa. Pois, para o bem ou para o mal, tudo tem sua hora e, feliz ou triste, Macabéa teve a sua e brilhou, a hora da estrela.


Por, Eduardo Vicente

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